De vila a cidade

De vila a cidade

História da fundação, fase sanatorial, industrialização ao século 21

O aldeamento

O território joseense já teria sido ocupado, em parte, por uma fazenda de gado criada por padres jesuítas no final do século 16 às margens do Rio Comprido, hoje divisa natural entre São José dos Campos e Jacareí. O artifício da pecuária era usado pelos religiosos para evitar interferências da Coroa e também um meio para gerar recursos que complementavam o sustento da missão catequética.

A lei de 1611 que regulamentava a administração de aldeamentos de índios dispersos, organizados por religiosos, transformou oficialmente a fazenda em missão de catequese. Os colonos paulistas viram-se então prejudicados, pois dependiam da exploração de mão de obra escrava indígena, o que culminou no conflito em que os jesuítas foram expulsos e os aldeãos espalhados.

Os jesuítas retornariam alguns anos mais tarde, instalando-se em uma planície distante cerca de 15 quilômetros da antiga aldeia, onde hoje é o centro da cidade. Do novo local tinha-se uma visão privilegiada da área que circundava a aldeia, garantindo maior segurança contra invasões e enchentes, e permitindo boa ventilação e insolação. Mesmo sendo uma nova missão, era também tratada como fazenda de gado.

Residência do Paraíba, em 1692 e Residência de São José, em 1696, são denominações que fazem referência à aldeia em documentos da época. Com a descoberta de ouro nas Minas Gerais, no início do século 18, o aldeamento passou por sérias dificuldades em razão da saída de mão de obra para o trabalho na mineração.

Após a expulsão dos jesuítas do Brasil, em 1759, todos os bens dessa ordem religiosa – como fazendas, colégios e aldeias – passaram para a custódia da monarquia portuguesa. Esta delegou ao governador da província, Luís Antônio de Souza Botelho Mourão, conhecido como Morgado de Mateus, a incumbência de tornar produtivas as novas propriedades da Coroa, entendendo-se como tal a necessidade de ampliar a arrecadação de impostos. Foram assim criadas mais vilas e freguesias, entre elas São José.

De vila a cidade

Em 27 de julho de 1767, antes de se tornar freguesia, a aldeia foi elevada à categoria de vila, com a denominação de São José do Paraíba. Levantou-se, então, o pelourinho (na atual Rua Vilaça, próximo ao Cemitério Municipal) e procedeu-se à eleição da Câmara, o que caracterizava a nova condição.

A emancipação à categoria de vila pouco contribuiu para desenvolvimento local, já que por muitos anos quase nenhum progresso foi notado. A principal dificuldade apontada era o fato de a Estrada Real passar fora dos domínios da vila.

Em meados do século 19, São José do Paraíba já demonstrava alguns sinais de crescimento econômico, parte em consequência da expressiva produção de algodão alcançada durante a década de 1860. A vila foi emancipada à categoria de cidade em 1864 e poucos anos depois, em 1871, recebeu a denominação de São José dos Campos.

Mesmo sem uma contribuição significativa à produção cafeeira do Vale do Paraíba, São José dos Campos atingiu o auge de sua produção em 1886. Naquele momento a cidade já contava com a passagem da estrada de ferro, que fora inaugurada em 1877.

Fase sanatorial

No início do século 20, aumenta a procura por São José dos Campos para tratamento de tuberculose por causa das condições climáticas supostamente favoráveis. Para atender essa crescente demanda a cidade foi se preparando com a instalação de pensões e repúblicas e, em 1924, foi inaugurado o Sanatório Vicentina Aranha, o maior do país na época.

A transformação em estância climatérica e hidromineral, em 1935, possibilitou a São José dos Campos receber mais recursos que foram aplicados em infraestrutura, principalmente na área de saneamento básico.

Isso fez com que a cidade, de certa forma, se estruturasse para o desenvolvimento industrial, que começou a se acentuar a partir da década de 1950, quando a fase sanatorial apresentava acentuado declínio.

Industrialização e século 21

Nos anos de 1920 houve uma tímida tentativa de industrialização por meio de concessão de incentivos fiscais. O destaque desse período foi a instalação da Tecelagem Parahyba. Um novo impulso foi dado com a instalação do Centro Técnico Aeroespacial (CTA) − hoje Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) − e do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em 1950.

A inauguração da Rodovia Presidente Dutra, em 1951, foi outro importante vetor no processo de industrialização entre os anos de 1950 e 1970. Nesse período São José dos Campos experimentou um grande crescimento demográfico e acentuado processo de urbanização. A criação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em 1961, o aprimoramento da estrutura educacional e a implantação do Parque Tecnológico, em 2006, ratificaram a vocação da cidade como polo científico e tecnológico.

Decorridas quase duas décadas do século 21, São José dos Campos, que ainda possui um significativo parque industrial, consolidou-se como importante polo tecnológico. O município ainda é referência em uma região onde vivem mais de 2 milhões de habitantes que procuram São José em busca da complexa rede comercial e de serviços aqui instalada

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