Nei José Sant'Anna
Saúde

O Hospital Municipal Dr. José de Carvalho Florence, unidade da Prefeitura de São José dos Campos gerenciada pela SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), firmou parceria com a Univap (Universidade do Vale do Paraíba), por meio do Laboratório de Histologia e Terapia Regenerativa, para a coleta de membrana amniótica da placenta destinada à pesquisa científica.

A iniciativa prevê que, no momento da internação para o parto, a equipe de enfermagem informe a gestante sobre o projeto, buscando seu consentimento e autorização para a doação.

Na última quinta-feira (11), a parceria registrou a primeira coleta no Hospital Municipal. A jovem Helen Vitória Andrade Silva, de 21 anos, moradora do Parque Interlagos, autorizou a doação após o nascimento do primeiro filho, Gael.

“É algo que seria descartado, então por que não ajudar outras pessoas?”, afirmou. O pai, Felipe Augusto, também destacou a importância do gesto: “É gratificante saber que essa doação pode contribuir para a saúde de outras pessoas e fazer o bem”, disse. 

A doação é voluntária, gratuita e não gera custos para quem doa ou recebe. Após a coleta, a membrana amniótica é separada da placenta e encaminhada ao laboratório da Univap, onde é estudada para o desenvolvimento de novos tratamentos.

^{Preparo da solução de lavagem assim que o material chega no laboratório | Foto: Divulgação}

Inovação e pesquisas

De acordo com a professora doutora Luciana Barros Sant’ Anna, responsável pelo Laboratório de Histologia e Terapia Regenerativa do IP&D/Univap, o material poderá contribuir para pesquisas voltadas ao tratamento de doenças graves e de difícil cicatrização, como lesões provocadas por queimaduras, feridas, acidentes ou pelo envelhecimento.

“Estas terapias, com potencial inovador, contribuirão na promoção da qualidade de vida de pessoas que sofrem com doenças de difícil regeneração, principalmente em um momento que a idade média da população está aumentando”, frisou.

A Diretora de Enfermagem do Hospital Municipal, Renata Mantovani, também ressaltou a importância da iniciativa. “O Hospital Municipal se empenha em contribuir com pesquisas para gerar novas descobertas. O avanço tecnológico permite que essas descobertas auxiliem na prática clínica”, afirmou.

O Diretor Técnico do Hospital Municipal, Carlos Maganha, reforçou a relevância deste projeto. “Projetos como este reforçam nosso compromisso em aliar a assistência à pesquisa científica, ampliando o conhecimento e trazendo benefícios diretos para a população”, disse.

Segundo diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), a mãe tem autonomia para decidir o destino da placenta, que normalmente é tratada como resíduo hospitalar e incinerada. Para participar da pesquisa, a gestante precisa atender a critérios específicos, como histórico médico saudável e exames sorológicos negativos para algumas doenças, além de assinar uma autorização.

O trabalho é realizado por uma equipe multiprofissional e interdisciplinar, com participação de professores e alunos de Mestrado e Doutorado do programa de pós graduação em Engenharia Biomédica do IPD/Univap, assim como alunos de iniciação científica dos cursos de graduação da Faculdade de Ciências da Saúde, como Biomedicina, Enfermagem, Fisioterapia, Medicina Veterinária, Nutrição e Odontologia.

Certificado

^{Certificado da primeira doadora do Hospital Municipal: gesto de carinho | Foto: PMSJC}

Em reconhecimento ao gesto pioneiro, Helen recebeu o Certificado de Amor e Esperança – Gestante Doadora, entregue pelo IP&D/Univap. “Com carinho e respeito, agradecemos por compartilhar esse presente de vida”, diz a mensagem do documento, que também será concedido a todas as mães participantes do projeto.

A iniciativa ganha ainda mais relevância durante o Setembro Verde, mês de conscientização sobre a importância da doação de órgãos e tecidos, reforçando valores de solidariedade e humanização no cuidado à saúde.

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