Claudio Ferreira Ribeiro
Esporte e Qualidade de Vida
Colaborou a estagiária Mirella Ramos Ferreira
Na vitória ou na derrota, os atletas das categorias de base passam por muitas situações, que envolvem expectativa, estresse, alegria e frustração. O programa Atleta Cidadão, mantido pela Prefeitura de São José dos Campos, tem uma equipe multidisciplinar, que é um dos pilares para o desenvolvimento completo dos integrantes, oferecendo um suporte que vai além do rendimento esportivo.
O time conta atualmente com sete profissionais – duas nutricionistas, duas fisioterapeutas, duas psicólogas e um fisiologista –, que acompanham de perto a rotina dos jovens. A proposta é garantir saúde, prevenção de lesões, equilíbrio emocional e orientação nutricional, fatores que impactam diretamente na performance dentro e fora das competições.
Para dar conta dos trabalhos, a equipe se desdobra em diversas ações, mantendo atenção constante ao público atendido para garantir a excelência do programa, que tem 26 anos de funcionamento. Afinal, são 1.600 atletas em 22 modalidades, distribuídos em diversas categorias dos naipes feminino e masculino.
Fisiologista e coordenador do grupo há 4 anos, o professor de educação física Douglas dos Santos explica que as disciplinas funcionam de maneira integrada. “A psicologia tem uma relação direta com o estado físico do atleta, que vai caminhar junto com o mental e nutricional para que não haja nenhum tipo de lesão. E isso leva a uma frequência muito grande com a fisioterapia. Então tudo está diretamente ligado e fazendo, assim, o atleta aumentar a performance dentro da modalidade", afirmou.
Fisiologia: prevenção e performance
O coordenador Douglas dos Santos | Foto: PMSJC
Desde a entrada no programa, a fisiologia acompanha o atleta durante todo o tempo de permanência, indo das avaliações físicas ao monitoramento da evolução, passando pelos testes de desempenho.
“Montamos ciclos de treinamento seguros para maximizar os ganhos de performance”, afirma Douglas, que atua há 9 anos no programa.
Especialista em musculação, condicionamento físico e fisiologia do exercício, ele explica que os testes aplicados nos atletas ajudam a identificar riscos e potencializar os treinos. “A partir dos marcadores, conseguimos orientar os preparadores físicos e trabalhar pontos de deficiência para que o atleta alcance seu melhor rendimento", explicou.
Trabalhando em sintonia com os 27 coordenadores de projetos do Atleta Cidadão, Douglas destaca a importância desse aspecto da equipe multidisciplinar. “O fisiologista atua com a preparação física e com os técnicos para prevenção de lesões, com alguns instrumentos para aferir isso junto com os preparadores físicos e a comissão técnica, e dentro disso melhorar o rendimento do atleta dentro de quadra, de campo, da piscina e afins", conta o profissional.
Nutrição é o pilar para hábitos saudáveis
As nutricionistas Bárbara Yared e Karoline Santana | Foto: PMSJC
A equipe de nutricionistas é formada por Karoline Santana e Bárbara Yared. Ambas são pós-graduadas em nutrição esportiva e dividem as tarefas entre as modalidades. Elas têm como função principal auxiliar os atletas na alimentação balanceada e hidratação adequada, objetivando o melhor desempenho nos treinos e competições.
“O trabalho de nutrição dentro do programa é de caráter orientativo e educacional”, explica Karoline. “As ferramentas que utilizamos são voltadas para a educação nutricional. E obviamente como os atletas vão utilizar isso para a rotina do dia a dia de treino e de competição", diz.
Karoline afirma que os objetivos são traçados de acordo com as conversas que são realizadas com a comissão técnica e a observação das dificuldades dos atletas de cada faixa etária. Ela lembra que falar sobre alimentação nem sempre é fácil. “Mas quando usamos a mesma linguagem dos objetivos que eles têm no esporte, fica mais fácil mostrar como a nutrição pode ajudar no desenvolvimento", afirma.
Bárbara explica que acompanha mensalmente as modalidades, realizando ajustes nutricionais conforme as demandas de cada grupo. Além de focar na performance, ela ressalta a importância de formar pessoas conscientes sobre a alimentação correta.
Para isso, a nutricionista utiliza uma metodologia prática e motivacional, cobrando a aplicação do que foi orientado nos encontros anteriores. “Antes de serem atletas, eles são cidadãos”, acentua. “Passamos informações para a vida. Mostramos como montar um prato equilibrado e incentivamos mudanças simples, como beber mais água e aumentar o consumo de frutas.”
Fisioterapia entra em cena na recuperação
As fisioterapeutas Jaqueline Souza e Sara dos Santos | Foto: PMSJC
É justamente no momento da dor que essas duas profissionais são mais lembradas. As fisioterapeutas Jaqueline Souza e Sara dos Santos estão sempre próximas dos atletas durante as visitas, palestras, orientações e avaliações de rotina, porém dão maior atenção nos períodos de recuperação após as cirurgias e no tratamento das lesões.
“A lesão mais comum e mais grave é a ligamentar de joelho”, conta Jaqueline, que é pós-graduada em ortopedia e traumatologia do desporto e ingressou neste ano na equipe multidisciplinar. “Nosso foco está em avaliar o atleta com pré-operatório, pós-operatório e testes, visando a parte de funcionalidade, força, desde o início até o retorno ao esporte", destaca.
Com a experiência de 6 anos na área e 2 deles cuidando da base e do profissional do futsal feminino, ela ressalta que o foco é melhorar as condições do atleta, com participação da comissão técnica e da família. Todo o suporte é oferecido após a lesão. “A gente traz para o Teatrão, para fazer uma avaliação, ver o que está acontecendo, e qualquer coisa a gente solicita exames”, afirma.
Quando for o caso, a equipe de fisioterapia faz o encaminhamento às clínicas que atendem o programa. “O mais importante mesmo é tentar aliviar essa dor de imediato, ver o que está acontecendo, o que precisa ser feito para esse atleta não continuar sentindo dor ou esse quadro”, diz Jaqueline.
Também egressa do futsal feminino, a outra fisioterapeuta da equipe multidisciplinar, Sara dos Santos, destaca a atenção dada em todo o ciclo de recuperação dos atletas. “Como a gente realiza visitas nas modalidades para tentar entender a questão das lesões, a gente faz avaliações pós-operatórias para acompanhar esse retorno, tanto para a academia, e depois fazer a transição até ter a alta", frisa Sara.
Psicologia mantém o foco e equilíbrio
As psicólogas Wanda Gregate e Márcia Sermarini | Foto: PMSJC
Ter a mente sadia e focada é fundamental para o corpo reagir bem nas atividades físicas. Para dar esse suporte aos atletas, as psicólogas Márcia Sermarini e Wanda Gregate atuam em revezamento nas modalidades, com atendimento individual e coletivo.
“Basicamente é esse acompanhamento, no preparo desses atletas para o enfrentamento das competições”, explica Márcia, que tem mestrado em psicologia esportiva e é professora universitária. “Embora a gente não possa esquecer que tem toda a questão familiar, e também tem o trabalho que é feito com as comissões técnicas", destaca.
No Atleta Cidadão, onde atua há 15 anos, ela desenvolve o trabalho dentro da parceria com a universidade, que conta com o auxílio de 13 estagiários em 9 modalidades para formar pessoas para a vida. “Os mais novos, de qualquer forma, desde o início até a saída, a gente trabalha a questão da formação do indivíduo enquanto cidadão.”
Márcia lembra que há muitos casos de pessoas que saíram do programa e hoje estão em atividades dentro do esporte. Outros ingressaram em campos diferentes, tornando-se profissionais responsáveis.
“A criança entra no Atleta Cidadão com 8 anos, e se ela permanecer no programa, ela vai sair por volta dos 20 anos. Durante esses anos todos em que a gente vai fazendo esse acompanhamento, o atleta, se ele não continuar dentro da área esportiva, ele vai para o mercado de trabalho com muitas coisas legais que ele aprende dentro do esporte quanto aos limites, regras, respeito aos companheiros, às regras da modalidade", explicou.
O apoio psicológico é oferecido aos integrantes desde que entram no programa e por todo período em que permanecem, passando pelas diferentes fases: criança, adolescente e jovem. “Vivenciar o momento competitivo que em qualquer categoria envolve estresse e expectativa porque todo mundo quer ganhar. Desde a base, a gente vai trabalhando essa questão dos enfrentamentos. Os técnicos vão trabalhar o desenvolvimento físico, técnico e tático, e a gente entra na questão emocional. Então é um trabalho que vai evoluindo de uma forma conjunta", afirmou.
Para a colega Wanda Gregate, que é também neuropsicóloga e especialista em psicologia esportiva, a ajuda profissional é importante para a melhor performance, principalmente quando problemas extra campo surgem no meio do caminho. “Sempre tem casos em que o atleta não está conseguindo transferir o que ele treina para o que ele precisa jogar. Às vezes questões pessoais, dificuldades escolares, dificuldades estruturais dentro da própria família.”
Wanda diz que a psicologia entra com as diversas estratégias para colocar a pessoa no foco e voltar ao equilíbrio. “Às vezes precisa só de alguém para desabafar. Alguma situação ou coisa simples que para eles não é: o término de um namoro, uma briga com a melhor amiga, um amigo que está sofrendo alguma coisa, ou na escola está presenciando uma situação difícil.”
Há 11 anos no programa, ela atendia a faixa de transição para os times adultos, sub-18 e sub-20, e neste ano passou a cuidar do sub-15 e sub-16. A consulta é em grupo, de acordo com o encaminhamento passado pelas comissões técnicas, ou de forma individual, conforme a necessidade, quando uma questão não pode ser colocada no coletivo e precisa de uma abordagem mais específica. “O que vai surgindo, eu vou montando um plano de ação, e também presto serviço aos familiares, no caso orientação de pais”, afirma a psicóloga.
Uma iniciativa importante da especialidade é a capacitação dos funcionários, com palestras de atualização das novidades em relação a temas da área, para que também tenham um ganho com a psicologia.
“Como eles trabalham com adolescentes, é uma peculiaridade, é uma coisa que tem que ter um diferencial justamente por conta da faixa etária”, ressalta Wanda. “A ideia é cuidar dos atletas, atender as famílias que precisam de suporte e também as pessoas que trabalham no programa.”
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