Capoeira, pastelzinho caipira e picote são atrações do Museu Vivo
Atualizado em 03/05/2019 - 15:44
Fundação Cultural Cassiano Ricardo
Mestre André (ao centro, de camiseta branca) toca o berimbau durante roda de capoeira em escola pública - Foto: Divulgação

Avelino Israel
Fundação Cultural Cassiano Ricardo

A capoeira é uma expressão cultural brasileira, que se identifica como arte-marcial, esporte, cultura popular, dança e música. Até 1930 foi proibida no Brasil e, em 2014, a roda de capoeira foi declarada patrimônio cultural imaterial da humanidade pela Unesco. Sua difusão se dá de modo oral e gestual nas ruas e nas academias, bem como nas relações de sociabilidade e familiaridade, construídas entre mestres e discípulos.

As informações são da professora, pesquisadora e produtora cultural Daniela Diana e exemplificam muito bem uma das manifestações culturais que será abordada pelo Museu do Folclore de São José dos Campos, neste domingo (5), entre 14h e 17h, em mais uma edição do programa Museu Vivo, realizado semanalmente no Parque da Cidade.

O convidado para demonstrar sua sabedoria sobre a capoeira é o joseense André Aparecido Silva, 47 anos, mais conhecido como André Preto ou mestre André. Há quatro anos, trabalha a linha da capoeira mais tradicional (Angola), apesar de ter sido discípulo de mestre Lobão, de uma linha mais contemporânea (regional).

“O fundamento é Angola, mas quem manda é o berimbau. O que ele pede a gente faz. Se o jogo é mais rápido, a gente coloca elementos da regional”, explica mestre André. No bairro Campos de São José, onde mora, André realiza o projeto independente Capoeira me Chama, iniciado em 2002. Hoje, desenvolvido em duas escolas públicas da cidade, de forma gratuita.

Culinária

Aos 66 anos, a mineira Dulcinéia da Silva possui muitos saberes e fazeres tradicionais, mas tem um que ela faz questão de compartilhar, do ‘pastelzinho caipira’ que sua mãe lhe ensinou. “Nós fomos criados com esse pastel da minha mãe. Mesmo quando meu pai estava vivo, a gente vendia na feira, lá na porta de casa. Todo domingo a gente vendia”.

A declaração de Dulcinéia está no livro ‘O Saber e o Fazer no Museu do Folclore’, 22º volume da Coleção Cadernos de Folclore, publicado em 2012, numa entrevista com sua mãe, Amélia Oliveira da Silva, na época com 92 anos. Amélia faleceu há quatro anos e Dulcinéia guarda na lembrança muitas boas recordações.

Artesanato

A paranaense Maria Alzira da Rosa, 67 anos, espera que, dessa vez, a chuva não atrapalhe sua participação no Museu Vivo. Ela estava agendada para o dia 14 de abril, mas a chuva insistente que caiu naquele dia impediu que a atividade fosse realizada. Dona Alzira, como é conhecida, vai mostrar seus saberes na arte do picote.

Alguns dos seus trabalhos estão expostos na Sala das Tecnologias no Museu do Folclore. Eles chamam a atenção dos visitantes pela riqueza dos detalhes. Sua mãe fazia picotes quando ainda moravam em São José da Boa Vista, norte do Paraná. De lá veio o seu saber nessa arte.

Alzira conta que, apesar disso, nunca se interessou em aprender o picote. Ela achava que sua mãe estava estragando papel. “Se hoje eu faço, é porque eu observava ela trabalhando com isso”. A sua história também pode ser conferida no 22º volume da Coleção Cadernos de Folclore. 

O programa Museu Vivo é realizado pelo Museu do Folclore todo domingo à tarde e é aberto ao público. O Museu do Folclore foi criado pela Fundação Cultural Cassiano Ricardo em 1987 e, atualmente, é gerido pelo Centro de Estudos da Cultura Popular (CECP), organização da sociedade civil sem fins lucrativos.

 

Museu do Folclore de SJC
Av. Olivo Gomes, 100 – Parque da Cidade – Santana
(12) 3924-7318 – www.museudofolclore.org


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