Vôlei sentado traz lições de vida e mostra habilidade
Atualizado em 19/06/2019 - 10:38
2º SEMANA JOSEENSE DE VOLEIBOL - PARAVOLEI - 17-06-2019 - LUCAS CABRAL
Atletas do vôlei sentado e do vôlei tradicional dividiram a quadra e vivenciaram diferentes realidades - Foto: Lucas Cabral/PMSJC

Wagner Matheus
Secretaria de Esporte e Qualidade de Vida

Uma vivência entre atletas com deficiência e atletas sem deficiência. Assim foi o Vôlei Sentado, atividade que abriu a Semana Joseense de Voleibol, na segunda-feira (17) à noite, no Centro da Juventude, na região sul da cidade. Ao final, a experiência transformou-se em uma lição de vida para todos os que foram curtir o jogo-treino.

A equipe paralímpica de voleibol é gerida pelo Instituto Athlon, que mantém outras modalidades do paradesporto e tem o apoio da Prefeitura de São José dos Campos.

Os atletas treinam duas vezes por semana no Centro da Juventude, onde se preparam para disputar competições regionais, estaduais e nacionais. Atualmente, o time está na série B do vôlei paralímpico brasileiro, mas visa chegar à série A em breve, se possível ainda neste ano.

Vivência

De um lado, praticantes do vôlei sentado e, de outro, integrantes da categoria sub-17 do programa Atleta Cidadão. Depois, todos “juntos e misturados”. A atividade mostrou o quanto é difícil a prática da modalidade e o quanto esses atletas superam suas limitações e adquirem habilidade e eficiência na quadra.

O vôlei sentado, também conhecido como voleibol adaptado, foi admitido como modalidade paralímpica em 1980. Podem competir na modalidade atletas amputados, paralisados cerebrais, lesionados na coluna vertebral ou com outros tipos de deficiência locomotora. Não é permitido bater na bola sem estar sentado.

Sem poderem levantar-se, os atletas “normais” sentiram o quanto é difícil executar os movimentos obedecendo à regra do vôlei sentado. Ao final, todos viveram uma grande confraternização, demonstrando o poder do esporte em promover a união e combater preconceitos.

Superação

Depois que sofreu um acidente de automóvel, em 2006, e teve o membro inferior esquerdo amputado abaixo do joelho, ninguém poderia imaginar que Rodrigo, 35 anos, morador no Jardim Sul, na região sul, viria a tornar-se um atleta.

“O pessoal do Instituto Athlon me via na rua e um dia fui convidado a conhecer o vôlei sentado. Aproveitei um período de férias, vim pra cá e nunca mais parei”, conta o atleta. Praticando a modalidade há três anos e meio, ele hoje é o capitão da equipe.

Para Rodrigo, o esporte só trouxe conquistas. “Melhorou a minha qualidade de vida, me dá condicionamento físico e, mais importante que isso, me faz sentir integrado à sociedade”, ressalta Rodrigo. “Além disso, o ego vai lá em cima.”

Na seleção

Quem pode dizer o mesmo é Leandro Henrique, 35 anos, que hoje é um integrante da seleção brasileira da modalidade. Nascido na zona norte da Capital, ele conheceu o vôlei sentado em 2008, na cidade de Suzano (Grande São Paulo), onde mora atualmente.

Seu maior orgulho é ter defendido o Brasil no campeonato mundial do ano passado, ficando em terceiro lugar. “Este ano vai ser o meu primeiro Pan [Jogos Pan-Americanos], que vale vaga para os Jogos Paralímpicos de 2020 no Japão”, afirma.

Leandro não aparenta a limitação que tem. Aos 5 anos de idade, contraiu uma osteomielite que lhe comprometeu a movimentação do quadril. “É o único esporte que posso praticar”, diz o atleta, que hoje veste a camiseta de São José depois de aceitar um convite do Instituto Athlon.

“Já disputei a Copa São José, em maio, onde terminamos em quinto lugar, depois a Copa Barueri, também com uma quinta colocação”, relata. “O time de São José está em evolução e tem tudo para subir da série B para a série A.”

Dificuldade

A experiência do atleta Luiz Gabriel, da categoria sub-17 do Atleta Cidadão, com o vôlei sentado foi enriquecedora para ele. “A principal limitação é a locomoção na quadra”, conta, explicando que o movimento mais prejudicado nessas condições é a manchete. “É difícil pra caramba.”

Gabriel, que mora no Bosque dos Eucaliptos, na região sul, teve seu segundo contato com o vôlei sentado. O primeiro foi há alguns anos, quando assistiu a uma demonstração da modalidade na escola estadual Olímpio Catão, na região central, onde estudava. “Hoje, eles mostraram para nós que tudo na vida é superação”, destacou. “O importante é não se dar por vencido”, concluiu.

Semana

A 2ª Semana Joseense de Voleibol, iniciada com o vôlei sentado, é uma realização do São José Vôlei, com apoio da Prefeitura de São José dos Campos. O objetivo é promover a prática do esporte como ferramenta de inclusão social e como opção de saúde e diversão, através de competições e ações em escolas do município.

A programação prosseguiu na tarde desta terça-feira (18), também no Centro da Juventude, com o evento interescolar Festival de Minivôlei.

Na quarta (19), às 19h, no Edifício Hyde Park, na região oeste, uma mesa de discussão terá como tema “Superação de limites na formação da carreira profissional no voleibol”.

De quinta-feira (20) a sábado (22), no Ginásio Cidade Jardim, na região sul, a já tradicional Copa São José Vôlei, na categoria sub-15, irá reunir quatro equipes masculinas (São José Vôlei, Taubaté, Centro Olímpico e Mauá) e quatro femininas (São José Vôlei, Botafogo - RJ, Lavras - MG e Diadema).

No sábado (22) e domingo (23), o Festival de Vôlei de Praia, válido pela primeira etapa do Circuito Paulista de Vôlei de Praia, da Federação Paulista de Voleibol, terá a participação de atletas das categorias sub-19 e sub-21. A competição, que será realizada no clube Thermas do Vale, na região oeste, tem como objetivo ampliar a base do esporte no Estado de São Paulo.

O São José Vôlei foi criado em 2001 para representar o voleibol da cidade. É gerido pela entidade Escola do Corpo desde 2009. A Prefeitura de São José dos Campos apoia a modalidade através da Divisão de Esportes de Alto Rendimento.


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