Wagner Matheus
Secretaria de Esporte e Qualidade de Vida
Em um dia, a dura realidade de conviver com uma limitação física. No outro, um novo atleta disputando as melhores colocações em competições na região, no país ou no exterior. Esta é a história dos 28 atletas da equipe de natação PCD (pessoas com deficiência) de São José dos Campos que foram aos 63º Jogos Regionais que estão sendo disputados em Ilhabela e São Sebastião e venceram com folga a competição.
São muitas histórias de luta, superação, coragem e vontade de viver. Nada melhor que começar com quem está começando a trilhar o caminho do paradesporto. Marco Antonio Silva Simões, o Marquinho, tem 12 anos e os Jogos Regionais foram a sua primeira competição oficial de alto nível.
Tratado com muito carinho por todos, Marquinho teve a companhia em Ilhabela de um nadador muito especial para ele, o irmão João Paulo, de 18 anos. Ambos possuem, de nascença, a deficiência da mão torta radial no membro superior direito. Eles treinam no Centro Esportivo Jardim Morumbi, na região sul.
Marquinho começou a treinar natação aos 4 anos de idade. Desde os 8, entrou na equipe do Instituto Athlon – entidade responsável pela gestão do paradesporto junto à Prefeitura de São José dos Campos – para tornar-se um competidor.
Após a prova dos 100m peito no sábado (6), ele estava radiante no alojamento da delegação. Corria de um lado para o outro, feliz pela conquista da medalha de bronze baixando o próprio tempo.
“Senti bastante frio na barriga, fiquei muito nervoso, mas no final achei tudo muito divertido porque a prova é sempre uma surpresa, a gente faz o melhor e depois tudo pode acontecer”, afirma o garoto. “Fiquei satisfeito com o meu desempenho.”
Marquinho espera evoluir na natação para conseguir uma bolsa de estudo no futuro e realizar o desejo de tornar-se professor de física. Quanto aos seus ídolos no esporte, ele fica em dúvida: “Não tenho, mas me inspiro em um nadador da seleção brasileira que tem a mesma deficiência que eu”, revela. “Mas não lembro o nome dele”, completa, sempre risonho.
Pioneirismo
A poucos metros do “caçula” Marquinho, está o oposto dele. Rosana Selicani, 53 anos, a primeira nadadora da natação PCD a representar São José dos Campos. Como manter o estímulo para competir depois de ganhar tudo?
“A gratidão por estar viva depois do acidente que sofri é a minha maior motivação, é mostrar às pessoas que elas podem sonhar e acreditar que os seus sonhos irão se realizar”, afirma a veterana da equipe, que teve a perna esquerda amputada após um acidente automobilístico.
Rosana foi a primeira nadadora do paradesporto da região do Vale do Paraíba. Disputa os Jogos Regionais desde 2001, há 18 anos. “Comecei nos Regionais de Suzano, nos 50 e 100 metros, contra nadadores convencionais, ainda não existia o PCD”, conta a atleta. “Minha primeira medalha veio só em 2003, em Pindamonhangaba.”
Nos Jogos de Ilhabela/São Sebastião, Rosana “passeou” na piscina, apesar do rigor do frio que tornou a competição mais sofrida para todos. Ela saiu dos Jogos com quatro medalhas de ouro, nos 100m livre, 400m livre, 100m peito e revezamento 4x50m medley nadando peito.
Qualidade
Outro colecionador de pódios e medalhas é Sérgio Murilo de Jesus Ferreira. Junto com outros integrantes, ele simboliza a qualidade e competitividade da equipe de natação PCD de São José.
Cadeirante desde 2009, quando ficou paraplégico em função de uma inflamação na medula, Sérgio começou a praticar atletismo e só há seis anos passou a nadar. No sábado, o atleta terminou a prova com quatro medalhas de ouro, nas provas de 100m costas, 50m peito, 100m peito e revezamento 4x50m medley.
Apesar do alto nível de sua natação, Sérgio confessa que não tem a ambição de chegar a uma seleção brasileira do paradesporto. “Sempre pensei no esporte como um meio de ganhar qualidade de vida, uso a natação como ferramenta de saúde”, garante. “Representar a minha cidade já é um grande orgulho”, finaliza.
Chegando
Mesmo com tantos atletas experientes na equipe, ainda há espaço para a chegada de novos nadadores. É o caso de Miriam Amaro de Oliveira Bittencourt, 52 anos, que está há apenas sete meses no time e deixou Ilhabela com quatro medalhas de ouro.
“Estava muito frio durante a competição, mas fiquei muito feliz porque consegui baixar meus tempos em todas as provas”, comemora Miriam. “O que me ajuda muito é o apoio fantástico que os profissionais do Instituto Athlon estão me dando”, elogia.
Miriam começou a nadar depois de dois AVCs (acidente vascular cerebral) que a deixaram com hemiplegia no lado esquerdo do corpo e mais 40% no lado direito. Casada, dois filhos e dois netos, ela diz que a família sempre a incentivou a praticar esporte e que, com a entrada na equipe de São José, sente que está progredindo no seu estado físico.
Ela tem razão. Afinal, deixou a piscina do complexo esportivo de Ilhabela com quatro vitórias nas provas de 50m livre, 100m costas, 400m livre e revezamento 4x50m.
A história desses quatro nadadores do paradesporto de São José é apenas um exemplo de tantas outras histórias de garra, desafios, superação e vitórias que estão presentes no dia a dia dos 28 integrantes da equipe. A passagem da natação PCD de São José pelos Jogos Regionais deixou a mensagem de que a vida, muitas vezes, começa a fazer sentido depois de uma limitação física.
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