Medalhista nos Jogos Abertos, joseense divide esporte com a reciclagem
Atualizado em 16/11/2018 - 15:19
82º Jogos Abertos do Interior - 2º dia
Bicampeão brasileiro Dalton Santos, 25 anos, nasceu e cresceu no Jardim Morumbi, na região sul de São José - Foto: Divulgação

Thiago Fadini
Secretaria de Esporte e Qualidade de Vida

Macacão empoeirado, medalha no peito e sorriso aberto de quem sabe o tamanho do esforço de uma rotina dividida entre um trabalho dentro e outro fora do esporte.

O bronze conquistado nesta quinta-feira (15) pelo jovem Dalton Santos, 25 anos, na prova livre do ciclismo BMX dos 82º Jogos Abertos do Interior de São Carlos, é mais uma honraria que o joseense que vive no Jardim Morumbi, na região sul, vai poder ‘ostentar’ na coleção.

Há 12 anos praticando a modalidade, ele, que alterna entre a bike e o trabalho com reciclagem, carrega no currículo títulos como o bicampeonato Brasileiro, o tri do Campeonato Paulista e a defesa do lugar mais alto no pódio do Ranking Nacional e dos Jogos Regionais de 2ª Região Esportiva do Estado de São Paulo.

O técnico Valdir Junior, que descobriu Dalton que andava pelas ruas e numa pista do Jardim Morumbi em 2006 por brincadeira, brinca que “encontrou o moleque no meio da rua”, por ter enxergado de cara um talento para a bike.

“Ia só por diversão na pista, só para distrair mesmo. Aí em 2008 o Valdir me chamou para fazer parte da equipe. Comecei a correr aí. Sou muito grato a Prefeitura de São José por isso”, contou Dalton Santos.

O atleta e a equipe comandada por Valdir que representam a cidade foram congratulados nos Abertos com três medalhas, sendo, além do bronze do jovem, um ouro para Igor Martins, no masculino, e outro 3º lugar para Fernanda Maciel na disputa feminina.

Todos partiram ainda na quinta-feira rumo ao município de Indaiatuba para a disputa de um torneio internacional e da Copa Brasil de BMX.

“Só admirava”

Mas o futuro do garoto que hoje divide pista com ciclistas de outros cantos do mundo poderia ter sido diferente se não fosse a admiração pelo irmão e o apoio do pai.

Inspirado pelas “bikes, corridas e troféus” que o ‘mano’ mais velho Douglas Santos, hoje com 32 anos, levava para casa, ele foi tomando gosto pelo pedal, isso com 9 anos de idade. O problema era ter o necessário para começar e até para se manter na prática.

“Não tinha recurso, meu pai não tinha dinheiro para comprar uma bicicleta, aí só admirava ele andar, até para ele foi difícil. Aí ele acabou parando porque roubaram a bicicleta dele. Ele foi desanimando”, disse Dalton.

Quatro anos depois, à época ainda menino e vendo tudo como lazer, ganhou uma bike do pai e começou a andar pelo Jardim Morumbi. Foi quando Valdir o avistou e o chamou para fazer um teste para a equipe que representa São José dos Campos, ainda embrionária em 2006.

Para Dalton Santos, além de ter um grande treinador e “gente que quer o bem dele” ao lado, a determinação e o sacrifício de algumas coisas na adolescência foram os combustíveis para que ele chegasse ao sucesso atual.

“Todo esporte é difícil no começo, mas tem que lutar, batalhar e trabalhar que uma hora dá certo. Ter uma vida muito regrada, saudável, que conta muito, e treinar certinho”, afirmou.

Pedaladas futuras

Como todo atleta que sonha em viver apenas da modalidade que pratica, Danton Santos busca seguir a vida regrada que cultiva desde tão novo. O trabalho com a reciclagem em São José dos Campos começa pela manhã e vai até o final da tarde. Durante três vezes na semana, o treino com a bicicleta acontece na pista de BMX ou na rua. E não esqueçamos do reforço muscular na academia de segunda a sexta-feira.

E o empenho que lá com 9 anos de idade o contagiou, hoje tem o mesmo efeito no irmão, que recentemente “arrumou uma ‘bikinha’ e está como hobby, por enquanto”.

Repetindo muitos atletas que também pensam na carreira nos bastidores do esporte, ele também pensa em fazer faculdade de educação física no futuro. “Acho que ia conseguir me concentrar mais na matéria, não que seja fácil, mas ia concentrar mais”, afirmou, justificando a escolha.

Assim como com tantos outros milhares de cidadãos formados por meio da ferramenta educacional nata que é o esporte, o garoto que antes só admirava o irmão mais velho não pensa em largar os treinamentos, o suor e as competições tão cedo. Mesmo que isso lhe exija quase todo o tempo útil na semana ou simplesmente aguentar as dores das famosas quedas da bike. Como dizia o velho ditado adaptado dos aficionados por motocicletas, ‘andar é arte e cair faz parte’.

“Ele (esporte) trouxe uma experiência tipo, viver bem. Muitos falam que o atleta não vive bem, porque cai, machuca, fratura, corpo vive sempre ‘meio esmagado’. Mas eu amo essa vida, para mim foi muito bom”, disse Dalton Santos.

Jogos Abertos do Interior – 2018
Troféus: 2 de campeão
Medalhas: 14 ouros, 12 pratas e 11 bronzes
Equipes campeãs: capoeira (feminina e masculina)


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