Paratletas de ouro encontram apoio e incentivo em São José dos Campos
Atualizado em 26/07/2018 - 17:13
Jogos Regionais
Sabrina Custódia, 26 anos, conquistou o ouro nas três provas que disputou nos Jogos Regionais - Foto: Divulgação

Thiago Fadini
Secretaria de Esporte e Qualidade de Vida

Suor na camisa, medalha no peito e sorriso no rosto. É assim que a equipe de paratletismo de São José dos Campos se apresentava após a competição realizada no Estádio Otoniel Santos, em São Sebastião, pelos 62º Jogos Regionais.

A equipe que é apoiada pelas Prefeitura de São José dos Campos, com coordenação do Instituto Athlon, levou para a competição um total de 20 atletas, sendo que seis deles são de nível paralímpico.

Dois deles brilharam com louvor na competição. Sabrina Custódia, 26 anos, e Edson Cavalcanti, 39 anos, conquistando o ouro em todas as provas que disputaram. Juntas, foram seis honrarias faturadas pela dupla. Ela participou dos 100m e 200m rasos e salto em distância. Ele triunfou também nos 100 e 200m, além dos 400m rasos.

Sabrina avaliou a competição, que teve São José como campeã geral tanto no feminino quanto no masculino, como um importante ‘tira-teima’ para torneios de grande porte, como os Jogos Abertos do Interior, Circuito Brasileiro, ambos ainda neste ano, e para o Parapan e Mundial, que devem acontecer em 2019.

“A gente sempre quer mais. Vou ter concorrentes lá (nos Jogos Abertos), com meninas da minha categoria, mas não me preocupo muito não. Me preocupo mais com o tempo que eu tenho que fazer e que eu quero abaixar e me preparar para o ano que vem”, disse Sabrina, que é amputada das duas mãos e da perna direita.

Edson, medalhista de bronze nos 100m na Paralímpiada do Rio, em 2016, ficou satisfeito com os resultados e os creditou ao apoio recebido da Administração. “Isso eu devo à cidade e ao instituto que me receberam, abriram as portas para a gente. Agora estamos aqui, só colhendo os frutos”, afirmou o atleta, que tem o lado direito do corpo comprometido por uma paralisia de parto.

Independência

Sabrina e Edson são naturais da cidade de São Paulo e do Estado de Rondônia, respectivamente, e buscaram em São José dos Campos um lugar para viver, treinar e crescer.

Ela, que sofreu um acidente com uma descarga elétrica quando tinha 18 anos, iniciou no esporte para buscar mais autonomia. A incentivadora foi uma amiga que a levou a uma feira de reabilitação.

“O esporte me deu mais independência. Antes, minha mãe andava direto comigo, não conseguia fazer nada, nem comer, tomar banho... Tinha vergonha também, usava blusa de frio, calça. Depois comecei a ver outros tipos de deficiência, a ver outras pessoas felizes, sorrindo e comecei a pensar, por que estou me escondendo?”, disse Sabrina, que iniciou no paradesporto com a natação e a corrida.

Edson lembra que a busca principal pela independência sobre sua própria deficiência foi o que o levou a estar no lugar aonde se encontra atualmente. Dos 13 anos de carreira, 12 têm sido dedicados a seleção brasileira de paratletismo.

“O esporte paralímpico também não era visto como esporte de alto rendimento, era amador. Entrei no esporte para melhorar a qualidade de vida, pela inclusão social, aí descobri que poderia estar no alto rendimento”.

No entanto, no início da trajetória, o rondoniense, assim como muitos paratletas pelo Brasil afora, esbarrou na falta de estrutura adequada para o desenvolvimento, cenário que ele julga muito mais evoluído hoje em dia.

“Quando comecei a gente não tinha estrutura de nada. A gente ia para as competições, pagava do bolso, não tinha água. Agora tem alimentação, água, equipe de suporte, fisioterapia, massagem”, disse Edson Cavalcanti, elogiando a equipe de profissionais trazida pela Prefeitura ao litoral norte.

O mesmo obstáculo teve de ser derrubado por Sabrina Custódia, que encontrou uma chance de desbravar o próprio potencial no esporte em São José. “Depois que vim para São José, vi que apoiam muito os atletas. Senti uma grande diferença”, disse.

Mesmo se tornando uma cidadã joseense, Sabrina, que é casada e vive na zona sul da cidade, treina de segunda a sexta-feira no CT Paralímpico, em São Paulo, e retorna aos fins de semana. O momento de descanso, aliás, recebe até contagem regressiva. “Não vejo a hora de chegar sexta para poder voltar para São José. É uma paz. Sou apaixonada por São José”, contou Sabrina Custódia.

Nova geração

Mesmo estando em um patamar acima no que fazem, Sabrina e Edson sabem que o paradesporto deve evoluir gradativamente no país para que outras gerações possam vir, captar o legado e se desenvolverem ainda mais.

“Precisaria de mais visibilidade, ser mais valorizado e exposto. Essas competições precisam passar em TV, jornais, para chamar pessoas para conhecerem. Tem muitas pessoas com deficiência que ficam presas dentro de casa e que podem ser atletas futuramente”, afirmou Sabrina.

O paratleta quase ‘quarentão’ reafirmou a opinião de que a estrutura melhorou, mas espera que o ciclo paralímpico não perca força até chegar a Tóquio 2020, dando a oportunidade para crianças e adolescentes que iniciam agora no esporte tenham outros brasileiros como exemplos de inspiração.

“Nesses 13 anos de atletismo, fico feliz de ver crianças buscando o esporte paraolímpico, porque eu paro, mas elas vão continuar e passar para outras crianças que vão vir”, afirmou Edson Cavalcanti.

Classificação por cidades – 9º dia (26/7)

1º - São José dos Campos – 221 pontos (22 troféus de 1º lugar, 5 de 2º lugar, 1 de 3º lugar)
2º - Pindamonhangaba – (126,5 pontos)
3º - Mogi das Cruzes – (126 pontos)
4º - Caraguatatuba – (102 pontos)
5º - Francisco Morato – (75 pontos)

Modalidades campeãs
Capoeira (mas/fem), Natação ACD (mas/fem), Badminton (masc), Handebol (fem), Taekwondo (mas/fem), Tênis de Campo (masc/fem), Karatê (fem), Ciclismo (mas/fem), Judô (masc/fem), Natação (masc/fem), Malha (masc), Basquete (masc), Futebol (fem), Atletismo PCD (masc/fem)

Modalidades vice-campeãs
Badminton (fem), Karatê (masc), Handebol (masc), Basquete (fem), Ginástica Artística (fem)

Modalidades 3º lugar
Damas (misto)


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